As políticas sociais congregam o antagonismo de se apresentarem como consequência e como balizadoras das mazelas produzidas pelos contextos capitalistas neoliberais. Apoiando-se nas contribuiçôes bourdiesianas, este texto defende que essas políticas se materializam na pràtica cotidiana alicerçadas em sistemas simbólicos para a dissimulaçâo, manutençâo e legitimaçâo das hierarquias sociais, culturais e económicas. Assim, grande parte das políticas sociais oriundas da esfera governamental apresenta mecanismos de controle e dispositivos que visam processos de classificaçâo, hierarquizaçâo e distribuiçâo dos bens produzi-dos na sociedade, apresentando as diferenças de poder como diferenças de competência, capacidade, mérito, sorte e conhecimento. Essa trama se processa de forma complexa, mediante mecanismos paradoxais de aceitaçâo, nega-çâo, incorporaçâo e legitimaçâo do status quo. Neste movimento, produzem-se múltiplos mecanismos que estruturam percepçôes e adequam as açôes dos individuos aos interesses da classe detentora do poder em suas diferentes manifestaçôes.