A historiografía de um objecto epistémico envolve: uma genealogía/ contextualização; a representação teórica e substantiva; a materia de prova. Em Portugal, após o Estado Absoluto haver estatalizado a escola, como meio educativo para a instrução pública, a tónica fundamental da Revolução Liberal foi a de instituir, nacionalizar e oficializar uma cultura escolar. Assim, compreender e explicar a natureza, a substância, o funcionamiento, a representação e a apropriação da cultura escolar é apresentar a construção historiográfica do objecto educacional. Dando cumprimento a estes princípios metodológicos, o objecto principal deste estudo é o educacional como produto da relação escola-sociedade, em Portugal, por meados do século XIX. Pretende-se demonstrar que há uma correspondência entre escolarização e bases culturais da nação e que o educacional se traduce na cultura escolar. Para além de uma introdução, o texto tem três partes versando: 1) um historial que constitui o reconhecimento de um contexto e uma ordenação dos principais factos, delimitando e permitindo compreender, sob a forma de ciclo histórico, o perío- do abordado; 2) uma interpretação, explicação e atribuição de sentido à representação e à evolução da relação escola-sociedade; 3) uma comprovação e uma síntese da apropriação do educacional escolar, por parte da sociedade portuguesa.